Memorial
de um sensei...
Meu
nome é Valdi Pereira de Araujo, hoje estou com 49 anos, nasci no dia 23 de
Janeiro do ano de 1963 em Porto Nacional no Estado do Tocantins, tive a sorte
de ter como mãe dona Efigênia Pereira de Araujo, uma mulher de muita garra.
Com
apenas Um ano de idade, já no ano de 1964, viemos para Goiânia e fomos morar no
Setor Leste na Vila Nova onde residi por 27 anos.
Tive
uma bela infância apesar de ter tido que trabalhar ainda muito pequeno. Fui
engraxate, picolezeiro, pipoqueiro, vendedor de frutas e paçoquinha na rua,
lavador de carro, limpador de casa. Meu ultimo trabalho foi em uma academia,
onde comecei a treinar Karatê.
Minha
história com o Karatê teve o grande incentivo de minha mãe, isso porque eu era
filho único e ficava grande parte do dia sozinho em casa, pois minha mãe tinha
que trabalhar, assim sendo minha mãe incentivada pelo medo de que eu apanhasse na
rua e por não ter irmãos e nem pai para me defender quando precisasse.
Tudo
começou em 1970, quando minha querida mãe me levou pela primeira vez em uma
academia no mesmo setor onde morávamos. Como fiquei louco quando vi aqueles
alunos dando gritos, chutando e socando, então falei, é isso que eu quero.
Minha
mãe conversou com o professor da academia e resolveu tudo. Assim que ela
tivesse o dinheiro iria até lá fazer minha matricula. No mesmo dia assisti à
aula, como a academia era em frente de uma praça, então eu olhava os movimentos
e corria até lá para repetir os golpes do jeito que eu entendia.
Depois
de algum tempo minha mãe conseguiu o dinheiro para me matricular. Lembro-me que
fiquei a criança mais feliz do mundo, louco para amanhecer e poder ir treinar
as 09h00min da manhã.
Foi tudo de bom,
nem imaginam a alegria que eu tive só se compara a quando eu ganhei o Kimono
que minha mãe mandou fazer, pois não tinha condições de comprar um original.
Minha
alegria era tanta que dormi com o kimono por mais de uma semana, ele era tudo
pra mim. Nunca treinei sem kimono, eu sei o que um kimono significa para um
carateca. Hoje os alunos não têm esse respeito e nem sabe deste valor, vão às
aulas sem o kimono e dão a desculpa de estar molhado.
É
muito frustrante para o professor ver o aluno indo uma aula com o kimono e três
sem, ainda mais se o aluno for graduado. Podem muito bem lavá-los aos sábados e
domingos e secá-los na segunda feira.
Quando
comecei a treinar o judô era mais apropriado para crianças, então treinei judô
por oito anos, mas em 1973 comecei a praticar o Karatê, com o mesmo professor
já que ele era faixa preta 3º Dan em judô e faixa preta 1º Dan em Karatê.
Fui
o primeiro aluno infantil a praticar o karatê na academia e com o tempo me
tornei um dos melhores atletas da minha categoria, conquistando vários títulos.
Então as portas começaram a se abrirem para mim.
Convidaram-me
para treinar no Jóquei Clube de Goiás e no Clube Jaó para ser seu representante
nas competições de Karatê, assim me tornando sócio atleta do Clube, hoje esse
incentivo não existe mais.
Conquistei
vários títulos estaduais, municipais e nacionais e alguns internacionais. Mas
também tive varias derrotas, o esporte é assim um dia se ganha e no outro
perde. É preciso aprender a perder.
Em
1982 formei faixa preta 1º Dan no estilo Shorin-Ryu.
De
1977 a 1984 pratiquei capoeira com o Mestre Calça Preta, nós trocávamos
ensinamentos, ele me ensinava capoeira e eu ensinava Karatê a ele. Hoje ele é
graduado faixa preta 3º Dan do estilo Shorin-Ryu. Mestre Calça Preta é da
segunda geração do pai da capoeira “Mestre Bimba”, ele foi aluno do Mestre
Osvaldo de Souza que foi aluno do Mestre Bimba.
Durante
minha trajetória como carateca tive grandes mestres: Eduardo Gomes – Faixa
Preta 1º Dan; Pedro Mizukani na época 4º Dan e também responsável pelo karatê
no Estado de Goiás, com sua ida para o Japão o estado teve uma grande perda, o
estilo shorin ficou fragilizado sem força. Isso facilitou a migração dos
caratecas para o estilo Shotokan.
Nesta
época comecei a treinar com o Sensei Sinval Correia faixa preta naquela época 4º
Dan, com ele treinei até me graduar 4º Dan.
Atualmente
estou treinando com o Sensei Jackson Capriata faixa preta 5º Dan.
Em
1982 tive a honra de treinar com o mestre Luiz Watanabe (primeiro campeão
mundial brasileiro de karatê em 1970 dentro do Japão) quando ele morou em
Goiânia. Hoje o Mestre Watanabe reside em Setiba – ES.
Carrego
na bagagem vários cursos nacionais e internacionais com os mestres Hugo
Rarizone, Iozhide Sinzato, Evans Lee, Ângela Mia Mao prima da lenda Bruce Lee,
Eduardo Cho, Luiz Watanabe, Pedro Mizukami, Oswaldo Mendonça, Osvaldo Messias,
Sensei Leones, Sensei Aguinaldo Santos, Hirokazu Kanazawa, Mestre Tetsuiko
Assai, Mestre Tanaka, Mestre Machida, Mestre Sassaki, Mestre Sadamu Uriu,
Mestre Kato, Mestre Murakamy, Mestre Wagner Picones, Mestre Teruo Furusho,
Mestre Manabu Murakami, Fumio Demura.
A primeira academia onde eu
ministrei minhas primeiras aulas foi onde comecei a treinar, com o passar do
tempo passei a ministrar aulas na academia Kodokan de judô do Professor Manoel
Bezerra no Jardim America, em seguida em uma academia que estava sendo
inaugurada no Setor Jardim Planalto, e assim passei pelo Clube do Sargento no
Setor Sul, Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), Clube Jaó, na Cidade de
São Simão na Prefeitura CEMIG por cinco anos, em Nova Veneza por quatro anos,
em Petrolina de Goiás quase cinco anos.
Cursei Bacharel até o sexto período
de Educação Física, na UNIVERSO, agora estou cursando o segundo período de
Educação Física licenciatura na Faculdade Albert Ainsten em Goiânia.
Em Nerópolis estou ministrando aulas
de Karatê há 27 anos e sou conhecido como Valdi do Karatê, já levamos o nome do
nosso município para varias competições municipal, estadual, nacional e
internacional.
Hoje me orgulho
muito com o grupo de alunos que estou ministrando aulas, a Família Karatê
Quebrando Barreiras, na nossa família não existe barreiras negativas, só positivas
e boas.
Já passei por
varias confederações e federações, hoje nós estamos participando de todas as
entidades de karatê do Estado de Goiás.
Estou registrado no
CREF-14 – Conselho Regional de Educação Física; CBK – Confederação Brasileira
de Karatê – Faixa Preta 4º Dan; FEKAEGO – Federação de Karatê do Estado de
Goiás – Faixa Preta 4º Dan; SKI – Shotokan Karatê Internacional – Faixa Preta 4º
Dan; Federação de Karatê Semi-contato – Faixa Preta 4º Dan; CBKI – Confederação
Brasileira de Karatê Shotokan – Faixa Preta Segundo Dan; FGKS – Federação
Goiana de Karatê Shotokan – Faixa Preta 2º Dan.
Este
é um pouquinho da minha historia com o karatê.
Mais
não acabou ainda estou firme nesta caminhada e pretendo quem sabe contar mais
um pouco de minha história com novas memórias num outro momento.
Oss.
Sensei
Valdi do Karatê.
Todos nós temos nossas máquinas do tempo. Algumas nos levam
pra trás, são chamadas de memórias. Outras nos levam para frente, são chamadas
sonhos.
sinto-me honrada de poder treinar com tal mestre,que além de excelente professor,é maravilhosa pessoa. Vencendo a própria realidade, permitindo que o seu interior alcance seus objetivos.E partilhando o seu melhor conosco. Te amo.
ResponderExcluirme sinto honrado em ser seu sensei.oss.
ResponderExcluirE uma honra, receber ensinamentos,conselhos por que mais que um mestre e um grande amigo se preocupando conosco nao so no presente mas como no futuro de grandes karatecas, e na formacao de pessoas de carater e integras a fazer o bem sem olha a quem.Mas tambem prezando a saude de cada um sabendo o bem que o KARATE fez em sua vida fara na nossa.
ResponderExcluirOBRIGADO SENSEI VALDI
Oss !
ResponderExcluirFiquei muito feliz em encontrar esse blog, sobretudo pelo fato de que na minha infância, nos anos 70, também treinei Karate-Do na academia do Mestre Eduardo Gomes, na praça Boa Ventura, Vila Nova. Era uma das poucas crianças e talvez o mais pequeno e magricelo delas..ainda me lembro de uma apresentação a noite num colégio municipal, acho que era Alfredo Nasser...eu era o menorzinho da turma e todos queriam ver aquele nanico fazer um kata. Acho que isso foi em 76..77 no máximo, eu tinha 6 para 7 anos. Por onde andará o Mestre Eduardo Gomes ?
Depois de muitas idas e vidas, Faculdade, Pós-Graduação, trabalho, casamento, retornei ao Karate-DO mais recentemente, com coragem, disposição e desejo de finalmente ser um Kuro-Obi. Falta pouco. Um Abraço mestre, bela história !
Wellington Marçal
Belo texto...
ResponderExcluirMas quem conhece, ou já teve contato com o Valdi, sabe que tem mais coisas para incluir no texto.
Um bom exemplo, é a arrogância, a prepotência, a metidêz, o "se-achismo"... entre outras...
Um kra muito metido a sabichão, que não respeita graduações nem pessoas, se acha melhor do que as outras pessoas, ainda mais quando começou a estudar educação física, o que o tornou mais arrogante ainda, tratando publicamente com certa repulsa e inferioridade as pessoas que não tem curso superior, ou mesmo que não tiveram oportunidade de estudar. No moto clube ao qual ele diz pertencer, é sempre a pessoa do contra, a pessoa que se a sua idéia não for acatada, ele emburra e não colabora com o grupo, e, na grande maioria das suas idéias não são boas para o grupo. No Karatê, não aceita graduações de pessoas mais novas, não aceita sucesso de outras pessoas no Karatê... treinou com grandes mestres, como foi mencionado no lindo texto, porém não praticou coisas básicas ensinadas como o Dojo Kun, aonde o respeito, é um ensinamento básico.
Bem, tem mais coisas além dessas que mencionei para serem adicionadas no texto, porém, ficamos na esperança do Valdi melhorar, e quem sabe até extinguir as mesmas, ou no mínimo, acrescentá-las em um próximo texto, em novas memórias.
e conheço um pouco desta historia da academia do meu pai Eduardo Gomes só saudades
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